No dia 16 de julho de 1950, há exatos 60 anos, o futebol brasileiro sofreu a derrota mais dolorida de sua história: o "Maracanazo", como ficou conhecida a vitória por 2 a 1 do Uruguai sobre o Brasil, na final da Copa do Mundo.
Recém-inaugurado, o Maracanã estava completamente lotado - 174 mil pessoas, segundo dados oficiais da Fifa; 200 mil, segundo a imprensa da época. O Brasil só jogava pelo empate, já que não era exatamente uma decisão, e sim a última rodada de um quadrangular final.
A seleção dirigida por Flávio Costa havia vencido a Suécia por 7 a 1 e a Espanha por 6 a 1. O Uruguai havia empatado por 2 a 2 com os espanhóis e suado para vencer os suecos por 3 a 2, de virada, resultados que, além da vantagem do empate, davam ao Brasil um amplo favoritismo.
Quando a bola rolou, no entanto, a história foi diferente. O Brasil, jogando inteiramente de branco, dominou as ações, mas não conseguiu passar pelo bom goleiro Maspoli. O placar só foi aberto no segundo tempo, aos 2min, com um gol do ponta Friaça.
O título já era dado como certo quando Schiaffino empatou para o Uruguai, aos 19min, numa jogada pela direita iniciada pelo ponta Ghiggia. Aos 34min, num lance parecido, Ghiggia escapou novamente pela direita, invadiu a área e ameaçou o chute. O goleiro Barbosa tentou se antecipar, para evitar um novo cruzamento, mas o uruguaio bateu direto para o gol: a bola, sorrateira, entrou no canto esquerdo, enganando o goleiro.
Abatidos, os jogadores brasileiros não conseguiram reagir nos minutos restantes e viram o Uruguai ficar com o título. Barbosa teve de ouvir pelo resto de sua vida as críticas pelo erro no gol, e costumava dizer que sofreu a maior condenação que um brasileiro jamais cumpriu, já que o Código Penal impede que uma pessoa fique presa por mais de 30 anos - ele morreu em 1999, 49 anos depois do lance.
Outra consequência daquele dia foi a aposentadoria do uniforme branco da seleção brasileira. A equipe só voltaria a jogar dois anos depois, estreando o uniforme amarelo que veste até hoje. Mas, 60 anos e cinco títulos mundiais depois, o fantasma do Maracanazo continua vivo na memória do futebol no Brasil.